"O FC Arouca está num lote de oito candidatos"
http://www.rodaviva.pt/?action=noticias&id=1778&seccaoid=2
Em 25 de Setembro de 2011, domingo de Feira das
Colheitas, Vitor Oliveira saía da sua residência em Matosinhos para se
sentar pela primeira vez no banco do Estádio Municipal de Arouca para
conduzir a sua nova equipa no jogo com o Atlético, visitante que era o
líder da Liga Orangina.
Estava-se na 5.ª jornada de uma época cujo início não fora favorável ao técnico feirense Henrique Nunes. A festejada vitória por duas bolas a zero sobre os lisboetas foi bom prenúncio mas não teve a continuidade desejada. Herdando um plantel que "não era seu", a temporada acabou por tornar-se um calvário para a formação arouquense, que só na derradeira jornada escapou à despromoção da II Liga.
Assinada a continuidade de Vitor Oliveira pela direcção de Carlos Pinho, os trabalhos para a nova época começaram a tempo. Um plantel renovado com o seu aval, traz Vitor Oliveira e o FC Arouca nos lugares
cimeiros da classificação.
A poucas horas do encontro com o FC Porto B, RODA VIVA falou com o treinador do FC Arouca, que no passado
dia 17 comemorou 59 anos de idade.
Que balanço faz da sua passagem até ao momento por Arouca? Pode ser dividida em duas partes. A primeira parte diz respeito à época passada. Foi uma época de quase pesadelo que acabou por não o ser na última jornada graças ao empate no Estoril, que nos possibilitou continuar na II Liga. Concluído o ciclo vitorioso que trouxe o FCA do distrital até à II Liga e à manutenção, entendemos que deveríamos partir para um novo ciclo. Nesta segunda passagem pelo FCA, renovamos o plantel. Penso que até agora a época tem sido muito positiva.
Constou-se que na época passada o grupo era "demasiado brasileiro" e que isso poderá ter influenciado a equipa bem como as novas contratações... Já treinei vários grupos de jogadores.
O rendimento das equipas tem a ver com a qualidade dos jogadores e não com a sua nacionalidade. Entendemos que a equipa anterior era demasiado gasta em termos físicos, de mentalidade e ambição e que era preciso trazer sangue novo à equipa. Foi essa a nossa aposta, na ambição e no desejo de fazer uma equipa para o futuro, misturando jogadores experientes da II Liga e da 2.ª Divisão.
A equipa está em bom momento. Poderá ambicionar mais do que a manutenção e a tranquilidade? É prematuro não só para o FCA como para qualquer outra equipa dizer o quer que seja relativamente ao que vai ser o fim deste campeonato. Este campeonato é atípico, é a primeira vez em Portugal que se joga com 42 jogos, mais os da Taça da Liga e de Portugal.
E há ainda a participação de equipas B... Não sabemos a influência que a sua presença terá na obtenção de resultados; é uma situação nova cujo balanço se fará no final. Para os clubes que as têm é extremamente válido, para o campeonato vamos ver se será válido, ou não, e se não altera significativamente a verdade desportiva. As equipas B poderão sempre recorrer ao mercado das suas equipas A e ao reforço com jogadores de qualidade. Isso não é permitido às outras equipas do campeonato. A conjugação de vários factores irá ditar as duas equipas que irão subir de divisão.
O FC Arouca faz parte desse lote? Na minha opinião faz. Faz parte de um lote de sensivelmente oito equipas que poderão aspirar a essa situação. O objectivo do FCA é fazer um campeonato tranquilo mas não recusaremos a possibilidade de andarmos nos lugares cimeiros.
Está a surpreendê-lo este início de época da equipa? Sinceramente, não está, porque sabíamos que tínhamos ido buscar jogadores substancialmente mais baratos do que os da época passada, mas fundamentalmente com muita qualidade, técnica e com muito mais ambição.
O balneário? Este ano o ambiente é bom, os resultados ajudam muito. Trabalhar sobre vitórias é muito mais fácil do que trabalhar sobre derrotas. Isso acontece em todas as equipas.
Tem o plantel que pretendia ou aspira a novos reforços em Janeiro? Temos o plantel que foi possível, dentro das limitações do clube. O clube reduziu substancialmente a sua massa salarial, que era um imperativo que assim fosse, e pretendíamos fazer isso com uma melhoria de qualidade e de ambição, um plantel capaz de dignificar o clube e o concelho. Penso que isso foi conseguido até aqui e que vamos
melhorar. Estamos satisfeitos com o que temos, mas estamos atentos e não descartamos a oportunidade
de irmos ao mercado se aparecer uma boa oportunidade.
O Joeano tem sido um valor acrescentado para a equipa... O Joeano é daqueles jogadores que apesar da sua idade (33 anos) mantém a ambição que sempre teve. Foi um jogador que subiu a
pulso, está fortemente motivado, tem uma excelente qualidade, tem liderança e tem uma característica que é muito rara no futebol português: é um exímio marcador de golos. Nós pensamos que a possibilidade de Joeano continuar era diminuta dado que entendíamos que ele poderia ter espaço na I Liga, tal não aconteceu...
Tem medo de o perder em Janeiro? Não temos medo de perder ninguém. Se o jogador entender que vai para melhor e se for também uma boa situação para o clube, não teremos qualquer problema. O futebol é feito dessa rotatividade e isso não nos assusta. Agora é evidente que substituir o Joeano não é fácil nem aqui nem em equipa nenhuma.
Como é a relação com a direcção? A direcção apoia incondicionalmente a equipa, tal como o fazia na época passada. É uma direcção fortemente motivada, que procura não faltar com nada à equipa. É uma direcção que dignifica enormemente o clube.
Já digeriu a arbitragem do jogo com o Sporting B? Nós que andamos no futebol temos de ultrapassar rapidamente as situações e pensar no dia seguinte.
Que balanço faz das arbitragens que têm dirigido os jogos do FC Arouca? Tivemos essa arbitragem que foi notoriamente infeliz. Este termo até é de certa forma macio para o que se passou dentro das quatro linhas. Em tudo o resto, penso que não temos razões de queixa.
Como vê os adeptos do clube? Gostaria de ver mais gente no futebol. Os que vêm ao estádio são fervorosos, gostam e são apaixonados pelo clube; contudo, penso que deveriam ser cada vez mais, por forma a que possamos notar a força desta vila.
Tendo já um vastíssimo currículo tanto como futebolista como treinador, o que é que lhe falta conquistar no futebol? Penso que com a idade que tenho e com os anos que tenho de futebol
já não ando atrás de objectivos definidos. A minha ambição é ganhar todos os domingos. O resto vem por acréscimo.
Como é que se caracteriza como treinador? Há valores e princípios sérios de que eu não abdico como homem e como treinador de futebol. Vivo o futebol com paixão mas não faço deste o motivo principal de toda minha vida. Somos homens antes de sermos treinadores. No futebol, como na vida, não podemos ganhar sempre, mas podemos lutar sempre. É isso que faço.
Já conhecia Arouca? Conhecia melhor Alvarenga. Tenho alguns amigos de Alvarenga, todos os anos aí jogávamos, trazíamos amigos do Porto, do Leixões, do Salgueiros, do Boavista. Mas conhecia Arouca também, passei por aqui algumas vezes.
Tendo em conta a sua longa experiência, o que acha de projectos como este do FCA? A desistência
do presidente poria em sério risco a continuidade deste processo evolutivo do FCA, mas também penso que ele está fortemente motivado e penso que o FCA, se continuar com os pés bem assentes no chão, dentro de pouco tempo poderá aspirar a chegar à I Liga. Terá toda a sustentação porque a gestão do FCA é uma gestão séria e, fundamentalmente, é uma gestão apaixonada, feita por pessoas que gostam realmente do clube. Este é um factor extremamente importante. MMS
Estava-se na 5.ª jornada de uma época cujo início não fora favorável ao técnico feirense Henrique Nunes. A festejada vitória por duas bolas a zero sobre os lisboetas foi bom prenúncio mas não teve a continuidade desejada. Herdando um plantel que "não era seu", a temporada acabou por tornar-se um calvário para a formação arouquense, que só na derradeira jornada escapou à despromoção da II Liga.
Assinada a continuidade de Vitor Oliveira pela direcção de Carlos Pinho, os trabalhos para a nova época começaram a tempo. Um plantel renovado com o seu aval, traz Vitor Oliveira e o FC Arouca nos lugares
cimeiros da classificação.
A poucas horas do encontro com o FC Porto B, RODA VIVA falou com o treinador do FC Arouca, que no passado
dia 17 comemorou 59 anos de idade.
Que balanço faz da sua passagem até ao momento por Arouca? Pode ser dividida em duas partes. A primeira parte diz respeito à época passada. Foi uma época de quase pesadelo que acabou por não o ser na última jornada graças ao empate no Estoril, que nos possibilitou continuar na II Liga. Concluído o ciclo vitorioso que trouxe o FCA do distrital até à II Liga e à manutenção, entendemos que deveríamos partir para um novo ciclo. Nesta segunda passagem pelo FCA, renovamos o plantel. Penso que até agora a época tem sido muito positiva.
Constou-se que na época passada o grupo era "demasiado brasileiro" e que isso poderá ter influenciado a equipa bem como as novas contratações... Já treinei vários grupos de jogadores.
O rendimento das equipas tem a ver com a qualidade dos jogadores e não com a sua nacionalidade. Entendemos que a equipa anterior era demasiado gasta em termos físicos, de mentalidade e ambição e que era preciso trazer sangue novo à equipa. Foi essa a nossa aposta, na ambição e no desejo de fazer uma equipa para o futuro, misturando jogadores experientes da II Liga e da 2.ª Divisão.
A equipa está em bom momento. Poderá ambicionar mais do que a manutenção e a tranquilidade? É prematuro não só para o FCA como para qualquer outra equipa dizer o quer que seja relativamente ao que vai ser o fim deste campeonato. Este campeonato é atípico, é a primeira vez em Portugal que se joga com 42 jogos, mais os da Taça da Liga e de Portugal.
E há ainda a participação de equipas B... Não sabemos a influência que a sua presença terá na obtenção de resultados; é uma situação nova cujo balanço se fará no final. Para os clubes que as têm é extremamente válido, para o campeonato vamos ver se será válido, ou não, e se não altera significativamente a verdade desportiva. As equipas B poderão sempre recorrer ao mercado das suas equipas A e ao reforço com jogadores de qualidade. Isso não é permitido às outras equipas do campeonato. A conjugação de vários factores irá ditar as duas equipas que irão subir de divisão.
O FC Arouca faz parte desse lote? Na minha opinião faz. Faz parte de um lote de sensivelmente oito equipas que poderão aspirar a essa situação. O objectivo do FCA é fazer um campeonato tranquilo mas não recusaremos a possibilidade de andarmos nos lugares cimeiros.
Está a surpreendê-lo este início de época da equipa? Sinceramente, não está, porque sabíamos que tínhamos ido buscar jogadores substancialmente mais baratos do que os da época passada, mas fundamentalmente com muita qualidade, técnica e com muito mais ambição.
O balneário? Este ano o ambiente é bom, os resultados ajudam muito. Trabalhar sobre vitórias é muito mais fácil do que trabalhar sobre derrotas. Isso acontece em todas as equipas.
Tem o plantel que pretendia ou aspira a novos reforços em Janeiro? Temos o plantel que foi possível, dentro das limitações do clube. O clube reduziu substancialmente a sua massa salarial, que era um imperativo que assim fosse, e pretendíamos fazer isso com uma melhoria de qualidade e de ambição, um plantel capaz de dignificar o clube e o concelho. Penso que isso foi conseguido até aqui e que vamos
melhorar. Estamos satisfeitos com o que temos, mas estamos atentos e não descartamos a oportunidade
de irmos ao mercado se aparecer uma boa oportunidade.
O Joeano tem sido um valor acrescentado para a equipa... O Joeano é daqueles jogadores que apesar da sua idade (33 anos) mantém a ambição que sempre teve. Foi um jogador que subiu a
pulso, está fortemente motivado, tem uma excelente qualidade, tem liderança e tem uma característica que é muito rara no futebol português: é um exímio marcador de golos. Nós pensamos que a possibilidade de Joeano continuar era diminuta dado que entendíamos que ele poderia ter espaço na I Liga, tal não aconteceu...
Tem medo de o perder em Janeiro? Não temos medo de perder ninguém. Se o jogador entender que vai para melhor e se for também uma boa situação para o clube, não teremos qualquer problema. O futebol é feito dessa rotatividade e isso não nos assusta. Agora é evidente que substituir o Joeano não é fácil nem aqui nem em equipa nenhuma.
Como é a relação com a direcção? A direcção apoia incondicionalmente a equipa, tal como o fazia na época passada. É uma direcção fortemente motivada, que procura não faltar com nada à equipa. É uma direcção que dignifica enormemente o clube.
Já digeriu a arbitragem do jogo com o Sporting B? Nós que andamos no futebol temos de ultrapassar rapidamente as situações e pensar no dia seguinte.
Que balanço faz das arbitragens que têm dirigido os jogos do FC Arouca? Tivemos essa arbitragem que foi notoriamente infeliz. Este termo até é de certa forma macio para o que se passou dentro das quatro linhas. Em tudo o resto, penso que não temos razões de queixa.
Como vê os adeptos do clube? Gostaria de ver mais gente no futebol. Os que vêm ao estádio são fervorosos, gostam e são apaixonados pelo clube; contudo, penso que deveriam ser cada vez mais, por forma a que possamos notar a força desta vila.
Tendo já um vastíssimo currículo tanto como futebolista como treinador, o que é que lhe falta conquistar no futebol? Penso que com a idade que tenho e com os anos que tenho de futebol
já não ando atrás de objectivos definidos. A minha ambição é ganhar todos os domingos. O resto vem por acréscimo.
Como é que se caracteriza como treinador? Há valores e princípios sérios de que eu não abdico como homem e como treinador de futebol. Vivo o futebol com paixão mas não faço deste o motivo principal de toda minha vida. Somos homens antes de sermos treinadores. No futebol, como na vida, não podemos ganhar sempre, mas podemos lutar sempre. É isso que faço.
Já conhecia Arouca? Conhecia melhor Alvarenga. Tenho alguns amigos de Alvarenga, todos os anos aí jogávamos, trazíamos amigos do Porto, do Leixões, do Salgueiros, do Boavista. Mas conhecia Arouca também, passei por aqui algumas vezes.
Tendo em conta a sua longa experiência, o que acha de projectos como este do FCA? A desistência
do presidente poria em sério risco a continuidade deste processo evolutivo do FCA, mas também penso que ele está fortemente motivado e penso que o FCA, se continuar com os pés bem assentes no chão, dentro de pouco tempo poderá aspirar a chegar à I Liga. Terá toda a sustentação porque a gestão do FCA é uma gestão séria e, fundamentalmente, é uma gestão apaixonada, feita por pessoas que gostam realmente do clube. Este é um factor extremamente importante. MMS
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