Quantas vezes temos muito a dizer, mas ‘travamos’ no estabelecimento do primeiro contato. Houve uma época em que tudo era resultado/culpa da inflação. Hoje é a crise econômica. No contexto do cotidiano das cidades, é o trânsito, a violência urbana. No contexto acadêmico, a pós-modernidade, a Internet e a globalização, esta última com mais ênfase, de forma mais perene e … mais indiscriminada. Termo que serve a introduções produzidas com vistas ao cumprimento de prazos, reciclagens de antigos textos, ou mesmo para início de reflexões, principalmente por ‘principiantes’ que, mesmo munidos de uma adequada revisão bibliográfica, têm mais dificuldade para ‘entrar no tema’, sabendo que é preciso fazer uma contextualização. E o que pode ser melhor para contextualizar do que “em tempos de globalização” ou “com o advento da Internet”. Se estivermos falando de fatos contemporâneos, é claro que estamos “em tempos de globalização”. Este é o contexto atual, que, aliás, começou a ser constituído há muito tempo. É o mesmo que falar “respirando oxigênio …”. Isso não significa que este uso seja proibido. Em várias situações, o processo de globalização (aqui cabe mais uma observação, que faço adiante) é central, pertinente à argumentação que se segue, caso em que isso vai estar explícito.
Falando em processo, este é outro aspecto a ser observado. A globalização é um fenômeno, sim, mas é produto de um processo. Não uma ocorrência, um evento pontual. Pah … aconteceu a globalização e a partir disso blá, blá, blá …. A função da introdução é apresentar o assunto. Impressionar, sim, incentivar a leitura do que vem a seguir, lógico, mas com coerência, sem uso de lugares-comum. Principalmente em uma época em que as pessoas têm pouco tempo para tudo. Até porque, geralmente, depois de desenvolvida parte do texto, já com argumentação, fundamentação, invariavelmente, retornamos ao início, com novas idéias para a abertura.
Já é ponto pacífico que vivemos uma nova cultura, caracterizada pela tecnologia que colocou a comunicação no centro das discussões, que a sociedade industrial-urbana atual é complexa, lugar do heterogêneo, do diverso. Neste contexto, uma discussão com vistas à ampliação do conhecimento deve ultrapassar os aspectos macros de caracterização – compressão espaço-tempo, origens da globalização, transformações econômicas, individualidade x coletividade. A reflexão deve pensar o micro influenciado por estas características, nas relações entre cada uma e os interesses específicos de cada estudo. Se falarmos em significação, seja das palavras, dos hábitos, esta passa pela percepção dos indivíduos-sujeitos que as vivem e as empregam, sujeitos estes cujas identidades também se transformaram, de centrada e racional para diversa e complexa.
Não basta mencionar a questão da globalização, para que avancemos nos estudos sobre a sociedade global, lembrando o BLOG VIAS CRUZADAS é preciso explicitar as relações a partir de um novo paradigma, que considere a sociedade uma realidade além do nacional, que é subsumida pela sociedade global. “Tudo continua vigente, como nacional, com toda a sua força original. Mas tudo, simultaneamente, articula-se dinâmica e contraditoriamente com as configurações e os movimentos da sociedade global”.
PARABENS A ESTE NOVO BLOG.
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