Taça da Liga: Sp. Braga 3 - 1 V. Guimarães
Um jogo-treino transformado em mini-série de casos de políciaPor Vítor Hugo Alvarenga
Cenário digno de série da moda, com peritos forenses a analisar cada caso, agarrados às inúmeras repetições televisivas. O caldo voltou a entornar no derby do Minho. Saldo final: 3-1 para o Sp. Braga, Vitória reduzido a nove elementos, três pontos arsenalistas no Grupo C da Taça da Liga.
Manuel Machado anunciara um jogo-treino no Estádio AXA, mas este derby minhoto ultrapassa todos os limites do confronto amigável e insosso. Nem o frio demoveu os adeptos, as previsões de casa vazia caíram por terra e o espectáculo raramente soou a mediocridade.
Gargantas roucas, ainda antes do apito inicial, emoções ao rubro desde o primeiro instante, ponto de ebulição com míseros quatro minutos de jogo. O Vitória, em território inimigo, colocava-se em vantagem! Artur defende a primeira de Toscano, Maranhão insiste, Toscano aproveita posição irregular para fazer o 0-1.
Erro ali, erro aqui, erro acolá
O filme da etapa inicial assemelhou-se a um mini-série de casos de polícia. Fora-de-jogo de Toscano no tento inaugural, algumas dúvidas no penalty que valeu o 1-1. Fora-de-jogo de Lima na reviravolta e NDiaye por expulsar em cima do intervalo, por entrada grosseira sobre Paulo César. O mesmo Paulo César que reclamara, com razão, um castigo máximo ao segundo minuto. Jogo-treino? Longe disso.
Em poucas linhas, descreveu-se uma película intensa e polémica. Duarte Gomes perdeu-se no rumo dos acontecimentos e acabou por contribuir para um derby quentinho, quentinho como sempre. Ao intervalo, aceitava-se o 2-1 para os arsenalistas.
Domingos Paciência lançou a melhor equipa possível, após o emagrecimento do plantel, e Manuel Machado respondeu na mesma linha. Horário mau, prova com motivos de crítica, nada condiciona a efervescência de um Sp. Braga-V. Guimarães.
Tréguas que nunca chegaram a ser
A segunda parte trouxe uma confortável sensação de acalmia. O Vitória já trocara Meireles por Jorge Ribeiro, depois entrou Faouzi por João Ribeiro. O Sp. Braga não mudou nem baixou linhas, continuando por cima, em busca do tento da tranquilidade.
Lima, presente no melhor e no pior, desperdiçou o 3-1 antes do Vitória ameaçar sequer o empate. O Sp. Braga agradecia a posse de bola, vivia da clarividência de movimentos de Hugo Viana e Mossoró, justificava os cânticos de incentivo com alguns desenhos interessantes.
Com uma hora de jogo, o ambiente voltou a aquecer. Trocaram-se bocas, empurrões, findou-se a apatia e Artur Moraes despertou para travar uma bomba de Jorge Ribeiro. Acabavam as tréguas e, progressivamente, o futebol. A recta final trouxe apenas quezílias e duas expulsões, primeiro Jorge Ribeiro por pisar Vandinho, logo a seguir Freire por protestar. Jogando contra nove, os arsenalistas acabaram por chegar ao terceiro golo, graças a Meyong.
FICHA DE JOGO:
Estádio AXA, em Braga
Árbitro: Duarte Gomes (AF Lisboa)
SP. BRAGA: Artur Moraes; Miguel Garcia, Paulão, Moisés (Rodriguez, 70m) e Sílvio; Mossoró (Meyong, 85m), Vandinho e Hugo Viana; Alan, Lima (Keita, 71m) e Paulo César.
Treinador: Domingos Paciência
V. GUIMARÃES: Nilson; Alex, Freire, NDiaye e Bruno Teles; Flávio Meireles (Jorge Ribeiro, 32m) e Cléber; Maranhão, João Ribeiro (Faouzi, 57m) e Toscano; Edgar.
Treinador: Manuel Machado
DISCIPLINA: Cartão amarelo para Bruno Teles (20m), Cléber (20m), Moisés (37m), NDiaye (45m), Alex (60m), Vandinho (61m), Miguel Garcia (65m), Hugo Viana (67m), Sílvio (67m); Cartão vermelho para Jorge Ribeiro (80m) e Freire (80m)
GOLOS: Edgar (4m), Alan (21m g.p.), Lima (43m), Meyong (91m)
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